O Atendimento Fonoaudiológico ao Usuário de Aparelhos Auditivos Sob um Novo Olhar

O Atendimento Fonoaudiológico ao Usuário de Aparelhos Auditivos Sob um Novo Olhar

A prática clínica fonoaudiológica, que envolve a seleção e adaptação de aparelhos auditivos, sofreu, ao longo dos últimos anos, diversas influências pelos avanços da tecnologia, e, consequentemente, grandes alterações. Para a indústria de aparelhos auditivos, as inovações decorrentes dos avanços tecnológicos, estão criando novos desafios e mais oportunidades.

A Seleção de Aparelhos Auditivos

Por mais de trinta anos o sucesso do fonoaudiólogo na seleção e adaptação de aparelho auditivo, foi baseado, principalmente, na correlação entre a tecnologia e as necessidades acústicas, no estilo de vida e nas possibilidades de investimentos do paciente. Enquanto essa experiência ainda é vital, para que se obtenha resultados bem sucedidos, as tarefas associadas à tecnologia, cada vez mais, podem ser substituídas ou tornar-se mais eficientes, com a automatização dos recursos tecnológicos.

Nesse novo cenário, é preciso que se criem novos valores dentro da rotina clínica de atendimento.

É um momento adequado para se repensar onde devemos colocar o nosso foco, quando desejamos reabilitar pacientes.

O Usuário no Centro das Atenções

A tecnologia é extraordinária, mas, por si só, não soluciona tudo e, portanto, não é o único fator importante para o sucesso da reabilitação auditiva. É preciso que se coloque o foco no que, de fato, implicará em resultados favoráveis, ou seja, em como tais recursos tecnológicos podem ser aplicados para evocar mudanças comportamentais positivas.

É preciso que se faça a transição do foco voltado apenas aos dispositivos tecnológicos, de forma que o centro das atenções seja o usuário, para que ele tenha acesso a uma experiência clínica de sucesso. Essa transição depende intrinsecamente da habilidade do profissional em conectar-se profundamente ao paciente.

Cultivar a confiança na relação profissional x paciente pode melhorar significativamente a experiência clinica do usuário.

Assim, ele passará também a ser um agente de confiança e poderá advogar pela causa de seu fonoaudiólogo.

O Perfil do Novo Usuário de Aparelhos Auditivos

A tecnologia está mudando rapidamente, e o perfil do usuário de aparelhos auditivos também muda nessa mesma proporção. Atualmente as pessoas que buscam aparelhos auditivos apresentam-se de duas formas diferentes.

Por um lado, eles são pacientes com condições médicas crônicas, e que, necessitam de orientação profissional. De outro lado, eles também são clientes, que escolhem visitar determinada clínica, para investir em produtos e serviços. Existem grandes diferenças, e, ao mesmo tempo, uma importante semelhança entre clientes e pacientes.

Os clientes têm acesso imediato à informação, através da internet e de mídias sociais, e essa abundância de informações pode torná-los céticos. Um novo e importante papel emerge para fonoaudiólogos – quebrar as barreiras do ceticismo e superar a desconfiança.

Mas como? Ao transformar a abordagem puramente técnica e voltada apenas para a tecnologia em um diálogo eficiente e significativo com seus pacientes, fazendo disso, uma vantagem estratégica – o que não pode ser substituído por nenhuma tecnologia.

No entanto, os clientes também são pacientes, os quais necessitam de atenção profissional. Na maioria dos casos os pacientes procuram um médico ou qualquer especialista quando a sua condição chegou a um ponto em que eles sentem-se compelidos a agir.

No caso da deficiência auditiva, talvez porque não haja dor física, ou porque o sofrimento emocional de ser incapaz de se comunicar seja ainda suportável, os pacientes são muitas vezes ambivalentes sobre sua perda auditiva, demonstrando comportamentos de evasão, negação, vulnerabilidade e resistência. Mais uma vez, o fonoaudiólogo deve desenvolver maneiras de transformar essa desconfiança em uma relação de credibilidade.

Há pesquisas que apontam para: confiança. Diversos estudos têm examinado como os adultos com doenças crônicas, tais como perda de audição relacionada com a idade, conseguem gerir sua condição e o que o influencia na mudança de comportamento. Muitos destes estudos, em última análise, concluem que os pacientes buscam auxílio, uma vez que sintam confiança em ambos: o provedor e a solução.

Seguem algumas das convincentes observações sobre confiança e sucesso com pacientes, feitas por pesquisadores respeitados – para fontes e citações completas, consulte o artigo completo : unitron.com/buildingtrust

A confiança na relação paciente x fonoaudiólogo estabelece-se primeiro, e, com muita força, quando ele percebe que o profissional coloca os interesses do próprio paciente em primeiro plano.

A confiança é fluida: a percepção de confiança pode mudar rapidamente ou gradualmente ao longo do tempo.

A confiança desenvolve-se a cada visita à clínica.

O que direciona a confiança é a qualidade com que se estabelece o relacionamento entre o profissional e o paciente.

Confiança e satisfação do paciente estão intrinsecamente ligadas.

Confiança promove a continuidade do tratamento.

Esses achados indicam que o tempo investido para desenvolver habilidades que implementem a confiança na prática clínica da equipe fonoaudiológica e seu aconselhamento é muito bem aplicado.

Em uma época em que a tecnologia está em constante melhoria, o sucesso na clínica é baseado na capacidade do profissional de referência de promover a confiança com os dois lados de cada indivíduo: o consumidor cético e o paciente em busca de cuidados. O sucesso realmente se resume na confiança.

“Pacientes com alta confiança em seu fonoaudiólogo são propensos a seguir a sua recomendação em 90 % do tempo, contra apenas 50 % do tempo por aqueles com baixa confiança.”  Thom, 2002 from English & Kasewurm, 2012

Este artigo é baseado em um texto de autoria de Brian Taylor, Aud . que foi publicado na Audiology Online. Para o texto na versão completa original, com citações de pesquisas e referências , visite unitron.com/buildingtrust

Raquel Munhoz, Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica e Responsável Técnica no Núcleo de Audiologia.