Terceira Idade, Perda Auditiva e Qualidade de Vida

A expectativa de vida vem crescendo em todo o mundo. O Brasil é hoje um país com importante crescimento da população idosa. No ano de 2020, espera-se alcançar um total de 32 milhões de pessoas, com mais de 60 anos de idade. Este fato, sem dúvida, o integra no panorama mundial de aumento da longevidade humana.

A perda auditiva associada ao envelhecimento é um fenômeno com alta prevalência na população idosa, podendo levar a uma série de dificuldades na comunicação oral, bem como na quebra da relação social e familiar e num desajuste dentro da sociedade.

Diante disso a nossa preocupação deverá estar voltada para “como viver bem durante a velhice”? Entendemos que a melhor reposta será: Preparando-se desde a juventude!

O diagnóstico e a intervenção precoces da perda auditiva associada à idade são fundamentais para uma boa qualidade de vida do indivíduo idoso.

Alguns estudos e pesquisas constantes da obra de Musiek e Rintelmanm mostram que a deficiência auditiva na população idosa está também associada com depressão e demência. Segundo Rönnber, há um crescente consenso de que o declínio sensorial e o cognitivo estão, de alguma forma, relacionados.

Por outro lado há estudos e pesquisas nesta área que apontam para a possibilidade de uma mudança funcional a partir da plasticidade cerebral, mesmo tratando-se de indivíduos adultos. Isso significa que o estímulo sonoro oferecido em tempo, através do uso das próteses auditivas, poderá de alguma forma evitar ou adiar outros problemas de ordem central, relacionados com a perda da memória auditiva e global, bem como com a deterioração na discriminação dos sons da fala no silêncio e no ruído.

A indicação, adaptação e uso do aparelho de amplificação sonora individual precocemente, ou seja, imediatamente após o diagnóstico de uma perda auditiva seja ela de grau leve, moderado ou severo, poderá contribuir para a prevenção do aumento do grau de perda auditiva e de outras alterações relacionadas às questões psicossociais do indivíduo com perda auditiva.

Outro dado importante é que o perfil dos idosos atualmente tem sofrido grandes modificações. Sendo essa, uma população muito mais saudável, atuante, conectada, melhor informada sobre tecnologia e bastante exigente.

Há também programas de crédito de acessibilidade, tal como o VIVER SEM LIMITES (decreto 7612) lançado em 17 de novembro de 2011, que oferecem novas ações e novas linhas de créditos em benefício da pessoa com deficiência auditiva.

Além disso o mercado atual preocupa-se constantemente em desenvolver produtos e serviços voltados para o mercado de idosos, tornando tudo muito personalizado e mais acessível. Exemplos disso são os celulares com números maiores, produtos de beleza, de turismo, dentre outros, voltados para a terceira idade.

Na área de aparelhos auditivos os produtos atuais também devem contemplar às exigências desse mercado, cada vez mais exigente e preocupado com estética, alta tecnologia, sobretudo com a qualidade sonora.

Grandes fabricantes de produtos auditivos oferecem além de alta tecnologia, conectividade sem fio, ajustes automáticos múltiplos, detectores sonoros sofisticados e classificadores que encaminham as informações sonoras de forma fidedigna ao ouvido do usuário, produtos muito mais flexíveis.

A flexibilidade é o que viabiliza uma adaptação mais interativa, permitindo ao usuário experiência prévia e possibilidades de escolha pelo nível de tecnologia ideal para seu caso, antes da aquisição.
Serviços audiológicos de qualidade sempre devem considerar a resistência e dificuldade de aceitação desse público, que relaciona a perda auditiva e uso do aparelho auditivo ao envelhecimento e incapacidade, promovendo atendimento esclarecedor e sofisticado.

O foco deve estar voltado para o estabelecimento de um bom relacionamento com o futuro usuário e seus familiares, através do fornecimento de informações claras, objetivas e honestas.

A interação com o futuro usuário e sua participação ativa dentro do processo de adaptação, além de serviços de consultoria, aconselhamento, treinamento auditivo pós-adaptação são pontos muito importantes para o sucesso da reabilitação.

O maior desafio do profissional audiologista será ajudar o usuário e seus familiares a vencerem as barreiras iniciais mais comuns na fase pós-diagnóstico imediata, auxiliando-os a entenderem a real necessidade do uso da amplificação, suas vantagens imediatas e mediatas na reabilitação auditiva, sobretudo a relação de custo é benéfico do produto.

A recomendação é de que o indivíduo acometido pela deficiência auditivo, seja ela em
qualquer grau, prontifique-se a experimentar o aparelho auditivo imediatamente após o
diagnóstico.

Raquel Munhoz, Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica e Responsável Técnica no Núcleo de Audiologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Veras RP. Em busca de uma assistência adequada à saúde do idoso: revisão da literatura e aplicação de um instrumento de detecção precoce e de previsibilidade de agravos. Cad Saúde Pública 2003;19(3):705-5. 
Veras RP; Mattos LC – Audiologia do envelhecimento: revisão da literatura e perspectivas atuais; artigo de revisão Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.73 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2007